quarta-feira, 18 de setembro de 2013

As dimensões do pensamento político

O pensamento político é normalmente concebido de forma unidimensional. É como uma reta em que definimos o zero e depois só podemos andar para a direita ou para a esquerda… é, portanto um pensamento limitado. Há quem consiga ver para além da dicotomia – direita, esquerda – mas mantenha a ideia de que só há uma maneira de organização social. Chamo a esta forma o pensamento bidimensional. Porém, tal como na realidade física, também na realidade mental não é possível haver um salto sem uma terceira dimensão. São precisamente os saltos que proporcionam a criatividade, já que esta não obedece a uma evolução linear. A boa atividade política precisa de criatividade… Seguindo esta linha de pensamento sou forçado a concluir que a liberdade politica tem infinitas dimensões, tantas quantas as dimensões do espirito humano. Portanto, a limitação da atividade política é apenas definida em função da limitação do pensamento de quem a concebe.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Osho - O rio poluído*

Certo dia o primeiro-ministro da India foi visitar a cidade onde Osho morava. Existia um rio que atravessava a cidade que estava transformado num autêntico esgoto a céu aberto. Para chegar ao sítio pretendido o primeiro-ministro e a sua comitiva tiveram que atravessar o rio através de uma ponte que estava a ser decorada com flores de mogra cujo odor intenso se sobrepunha ao cheiro nauseabundo. Ao passar naquele local o primeiro-ministro não faria ideia da existência de toda aquela imundice…
No momento em que o primeiro-ministro ia a atravessar o rio, eis que Osho irrompe à frente do seu carro e o instiga a ver com os seus próprios olhos a nojice daquele local. O primeiro-ministro ficou escandalizado e repreendeu fortemente o presidente da câmara bem como outras autoridades locais…
Moral da história: Mais uma história sobre a incompetência dos políticos? – Não! É uma analogia… o rio poluído pode representar cada um de nós ou toda a sociedade até. Não andamos sujos no sentido literal do termo, mas carregamos a sujidade do preconceito, o cheiro nauseabundo do desprezo e as manchas negras do ódio... Mascaramos tudo com flores, mas a sujidade continua lá, é só uma ilusão! Limpemos cada um o nosso rio e veremos como flui bonito, vasto e sereno!


*Esta história consta, por outras palavras, no livro "Perigo: Verdade" de Osho.

domingo, 15 de setembro de 2013

Posts do Facebook

Utilizo o Facebook, com alguma regularidade, para partilhar pensamentos, intuições e desabafos (nunca da minha vida pessoal). Ficam aqui alguns deles para, quem sabe, um dia mais tarde recordar:

O egoísmo é a fonte de todo o mal do mundo: guerras, atentados ambientais, competição extrema, injúrias, calúnias e todas as injustiças. Todos nascem da noção de que “eu” (por vezes “nós”) sou superior aos outros, o que é um erro. Quando nascemos não trazemos nada e nada levamos quando morremos, portanto onde está a diferença? O que tem um branco superior a um negro? Um cristão mais que um muçulmano? Um capitalista mais que um socialista? Somos todos diferentes, mas todos tão iguais… Que belo seria se o mundo compreendesse isto!

Há na nossa sociedade uma tendência mesquinha de bajulação... A verdade é que ninguém merece um tratamento especial: nem o sr. doutor, nem o sr engenheiro, nem o excelentíssimo meretissimo... o que é que são mais do que um pedinte?. "Estudaram" dizem alguns. Mas o que é que eles sabem? Uma gota no oceano infinito do conhecimento... Por muito que saibamos, a verdade é que nunca sabemos nada. Somos TODOS iguais!

Coisa bonita as Universidades de Verão... Na do PSD fala-se mal do PS e na do PS fala-se mal do PSD. Grandes exemplos que estão a dar aos pupilos! Desta forma, não tenho duvidas, Portugal tem o futuro assegurado.

Os governantes (todos: das juntas de freguesia ao governo) sofrem do mesmo mal que eu: miopia! Mas, enquanto a minha está nos olhos, a desses senhores está no pensamento... Como se justifica que a aposta tenha sido sempre nas infra-estruturas e nunca no capital humano, verdadeiro gerador de riqueza e de desenvolvimento social? A resposta é simples: eleições.
Enquanto não deixarmos de lado esta pequenez de pensamento nunca seremos uma nação próspera...

Já partilhei mas volto a fazê-lo... Existe uma máfia... um polvo cujos tentáculos se estendem da esquerda à direita, das grandes empresas aos reguladores. É esse polvo que desde há mais de cem anos vem governando o país em proveito próprio.Para que servem tantas autoestradas? Tantos projetos megalómanos? Tantas fundações e observatórios? Quem tem realmente beneficiado com tudo isso?... É chegada a altura de tirar a máscara a esses mercadores do bem-estar alheio e fundar um Portugal justo e próspero!

Senhores políticos de todos os quadrantes:Estou farto das vossas tretas de direita e de esquerda! Estou farto das vossas promessas! Farto de mentiras! Está na altura de deixar de parte as quezílias e os joguinhos de poder e de se assumirem como verdadeiros Homens e Mulheres! Está na altura de se unirem, pensarem no país e não nos vossos egos doentes...Portugal precisa, mais que nunca, de uma estratégia global e concertada que tire este país do buraco causado por décadas de má governação. Portugal precisa, neste momento, de todos nós!

A Noruega teve este ano um excedente orçamental de 13,8% do PIB, em contraste com a maioria dos outros paises que devido à crise têm, na generalidade, deficits bastante significativos. O excedente Norueguês deve-se principalmente às receitas do petróleo... A posse de recursos naturais como o petróleo e o gás natural subvertem completamente a lógica de funcionamento da concorrência ao nível internacional. Os países com tais recursos podem dar-se ao luxo de serem pouco competitivos e esbanjadores de dinheiro (o que não é o caso da Noruega) que, no final de contas, as suas finanças são sempre saudáveis. Na verdade, estes países sugam o suor e o trabalho de outros que não possuem estes recursos energéticos.Por este motivo torna-se necessário olhar para um mundo pós-carbono, em que predominam energias limpas e onde a riqueza de cada país possa ser determinada por aquilo que produz e não pela benção de ter recursos energéticos.

Normalmente, nas intervenções do FMI a paises com dificuldades de financiamento, a receita passa por austeridade e por um perdão parcial de dívida. Na Europa só se aplicou o primeiro elemento. O problema é que as economias, carregadas de austeridade, não conseguem libertar meios para amortizar a dívida e acabam por se endividar ainda mais... isto torna-se numa autêntica bola de neve. A divida pública portuguesa já vai em mais de 120% do PIB. Onde é que isto vai parar?

Não gosto da compartimentalização do conhecimento! Cada vez mais há gente especializada para isto e para aquilo... como consequência os técnicos perdem a visão da totalidade, do conjunto, tendem a focar-se na árvore em vez de se focarem na floresta. Como escreveu alguém certo dia: "os técnicos sabem cada vez mais sobre menos... virá o dia em que saberão tudo sobre nada!". Um viva ao ecletismo!

Às vezes perguntam-me se sou de direita ou de esquerda… e eu respondo: não sou de nenhum! Impuseram às pessoas uma falsa dicotomia, uma escolha entre o sistema capitalista e o socialista, ambos comprovadamente FALHADOS! As pessoas precisam da economia e a economia precisa das pessoas, não há volta a dar! O único sistema político merecedor de confiança não se encontra à esquerda ou à direita, encontra-se, fundamentalmente, no BOM SENSO dos decisores políticos, na capacidade destes em SERVIR ao invés vez de serem servidos e de defender, sempre e acima de tudo, o INTERESSE COLETIVO.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Qual é a natureza do Universo?

Desde há milénios que grandes pensadores se debruçam sobre este tema e no entanto ainda não se conseguiu chegar a um consenso. Existem basicamente três posições dominantes: monismo idealista (vulgo idealismo), monismo materialista (vulgo materialismo) e dualismo. Não as pretendo analisar exaustivamente nem dizer qual alguma delas é a verdadeira, até porque nunca cheguei a nenhuma conclusão.
O materialismo parte da premissa de que tudo o que existe no Universo é matéria. Para esta corrente o constituinte básico da realidade são os átomos (em toda a sua complexidade, abarcando as partículas sub-atómicas) e nada existe de espiritual ou “mágico”. O materialismo está entranhado no atual paradigma científico e tem servido de base à maior parte do sucesso que a ciência tem tido ao longo dos últimos tempos. Recentemente têm havido tentativas de explicar a consciência como uma ilusão resultante da interação dos neurónios, que por sua vez são entendidos como agregados de proteínas, que são agregados de moléculas, que por sua vez são agregados de átomos. A esta redução de uma realidade psicológica a uma realidade física designamos por Reducionismo, um conceito estreitamente ligado ao materialismo.
O idealismo advoga a existência de apenas um princípio no universo: a consciência. É através desta que percebemos o mundo e, portanto, também a matéria é apenas “um disfarce”. O Budismo e o Jainismo, por exemplo, são duas religiões idealistas ao afirmarem que esta está em toda a parte: nos animais, nas plantas, nas rochas e até no vazio. Levando esta ideia ao extremo existe uma corrente de pensamento idealista, o solipsismo, que defende que os eventos materiais não acontecem quando não existe uma consciência (humana) a observá-los.
O dualismo, corrente filosófica começada por René Descartes, defende que existem dois princípios no universo: espirito e matéria. A matéria sem espirito é inanimada e é um agente passivo. Já o espirito é a origem da vida e é o princípio ativo do universo. A vida é uma permanente ação do espirito sobre a matéria. Para Descartes, a razão é a principal característica do espirito.
No livro “Deus não morreu”, Amit Goswami defende uma versão quântica da realidade. Para a física quântica caso não houvesse a consciência existiriam apenas possibilidades, nada de concreto portanto. É a consciência que “escolhe”, entre as possibilidades, aquela que se torna manifesta e portanto é este o principal agente universal. Se, por exemplo, um relógio se encontrasse isolado de toda a gente os seus ponteiros não se moveriam… apenas quando uma consciência o vislumbrasse os ponteiros assumiriam a hora do momento. Isto implica uma ação de retro-causalidade, ou seja, no momento em que a consciência colapsa as possibilidades numa realidade concreta, são “inscritos” no passado todos os movimentos que os ponteiros tiveram até ao momento presente.
Ainda em relação à física quântica também há quem defenda que existe uma consciência cósmica que se encarrega de escolher, de entre todas as possibilidades, aquela que se manifesta.
Esta nova visão do mundo trazida pela física quântica desafia o atual paradigma cientifica materialista. O primado da consciência começa a substituir o primado da matéria. Aonde vamos chegar? Não sei… mas será certamente uma guerra saudável.