quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Onde está Deus?

Havia um homem, possuidor de grande cultura e inteligência, que desde pequeno sonhava encontrar Deus. Certo dia partiu para a montanha mais alta do planeta convencido que no topo haveria de encontra-Lo. Caminhou, enfrentou neve e tempestades até que finalmente chegou ao cume. Qual foi a sua deceção: Deus não estava lá.
Se Deus não estava na montanha, talvez pudesse ser encontrado nos livros, afinal de contas havia tantos livros escritos sobre Ele. Leu livros e livros, dos sagrados aos profanos, dos versos às prosas mas acabou por desistir: Deus também não estava na literatura.
Olhou então para o espaço… talvez Deus se escondesse por entre os planetas, galáxias e nebulosas. Comprou um telescópio e procurou, falou com astrónomos, leu livros sobre astronomia… infelizmente todo o esforço não deu em nada porque Deus não estava no espaço.
Se Deus não estava no infinitamente grande, talvez estivesse no infinitamente pequeno… então procurou por entre os quarks, átomos e moléculas, conheceu os mistérios da física quântica, procurou em todas as fontes, todos os livros mas… também não O encontrou.
Após todas estas buscas sentiu-se cansado e frustrado… “Deus não está em lado nenhum… talvez não exista” pensava ele. Então, um dia, embalado pela sua frustração sentou-se no sofá de sua casa e fechou os olhos. Veio o silêncio, que de minuto a minuto se tornava mais profundo. Começou a sentir uma clareza de espirito e uma paz que nunca tinha sentido antes e, num instante, vislumbrou o que vinha à tanto tempo procurando: Deus em toda a sua glória! Havia procurado em tantos sítios e nunca se tinha lembrado de procurar naquele lugar… Deus estava dentro dele!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amor

“Dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede”. Frase simples mas incrivelmente sábia de Jesus Cristo!
Quando vemos um sem-abrigo e lhe damos uma moeda sentimos uma espécie de alivio na consciência, pensando: “Pelo menos vai ter algo para comer e beber…”. Porém, será que verdadeiramente lhe matamos a fome e a sede? Não estará o espirito dessa pessoa mais faminto e sedento do que o corpo? Claro! Devemos dar-lhe a comer o pão do nosso amor e a beber o néctar da nossa compaixão, na forma de um sorriso, um abraço ou de uma conversa amiga e desta forma estaremos a ser completamente fiéis à nossa consciência.
Que o amor entre os homens cresça como uma avalanche e inunde o coração de todos. Que assim seja!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pensamento

As pessoas são formatadas pela sociedade: a escola, as religiões, os media, as famílias, os amigos e conhecidos... todos nos dizem como devemos entender o mundo e como devemos ser. Deste modo condicionam, impõem limites ao espírito humano que, na sua forma original, é livre e vasto. O nosso mundo torna-se cada vez mais pequeno... A obrigação de obedecer aos condicionalismos sociais entranha-se de tal forma que nos tornamos escravos dos outros e perdemos a nossa liberdade interior. O Homem criativo, original e espontâneo é substituído pelo homem máquina, distante e triste. 
Quebremos as nossas amarras, refundemos a nossa liberdade e um sol radiante iluminará as nossas vidas!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Poema de Ngulchu Thogme

Se este corpo ilusório, que acredito ser meu, está doente, deixa-o ficar doente!
Esta doença permite-me purgar
O mau karma que acumulei no passado,
E as obras espirituais que posso então realizar
Ajudam-me a purificar os dois tipos de véus.

Se eu estiver bem de saúde, sou feliz,
Porque, quando o meu corpo e mente estão bem
Eu posso melhorar a minha prática espiritual,
E dar sentido real à existência humana
Ao virar o meu corpo, discurso e mente para a virtude.

Se sou pobre, sou feliz,
Porque não tenho nenhuma riqueza para proteger,
E eu sei que todos os problemas e animosidade
Brotam das sementes da ganância e do apego.

Se sou rico, sou feliz,
Porque com a minha riqueza eu posso fazer mais ações positivas,
E tanto a felicidade temporária, quanto a final
São o resultado de atos meritórios.

Se eu morrer em breve, é excelente,
Porque, assistido por um bom potencial, estou confiante que
Vou entrar no caminho inequívoco
Antes de qualquer obstáculo poder intervir.

Se viver por muito tempo, sou feliz,
Porque sem me despedir da chuva benéfica e quente das instruções espirituais
Eu posso, por um longo tempo, amadurecer completamente
A colheita das experiências interiores.

Portanto, aconteça o que acontecer, vou ser feliz!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

As dimensões do pensamento político

O pensamento político é normalmente concebido de forma unidimensional. É como uma reta em que definimos o zero e depois só podemos andar para a direita ou para a esquerda… é, portanto um pensamento limitado. Há quem consiga ver para além da dicotomia – direita, esquerda – mas mantenha a ideia de que só há uma maneira de organização social. Chamo a esta forma o pensamento bidimensional. Porém, tal como na realidade física, também na realidade mental não é possível haver um salto sem uma terceira dimensão. São precisamente os saltos que proporcionam a criatividade, já que esta não obedece a uma evolução linear. A boa atividade política precisa de criatividade… Seguindo esta linha de pensamento sou forçado a concluir que a liberdade politica tem infinitas dimensões, tantas quantas as dimensões do espirito humano. Portanto, a limitação da atividade política é apenas definida em função da limitação do pensamento de quem a concebe.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Osho - O rio poluído*

Certo dia o primeiro-ministro da India foi visitar a cidade onde Osho morava. Existia um rio que atravessava a cidade que estava transformado num autêntico esgoto a céu aberto. Para chegar ao sítio pretendido o primeiro-ministro e a sua comitiva tiveram que atravessar o rio através de uma ponte que estava a ser decorada com flores de mogra cujo odor intenso se sobrepunha ao cheiro nauseabundo. Ao passar naquele local o primeiro-ministro não faria ideia da existência de toda aquela imundice…
No momento em que o primeiro-ministro ia a atravessar o rio, eis que Osho irrompe à frente do seu carro e o instiga a ver com os seus próprios olhos a nojice daquele local. O primeiro-ministro ficou escandalizado e repreendeu fortemente o presidente da câmara bem como outras autoridades locais…
Moral da história: Mais uma história sobre a incompetência dos políticos? – Não! É uma analogia… o rio poluído pode representar cada um de nós ou toda a sociedade até. Não andamos sujos no sentido literal do termo, mas carregamos a sujidade do preconceito, o cheiro nauseabundo do desprezo e as manchas negras do ódio... Mascaramos tudo com flores, mas a sujidade continua lá, é só uma ilusão! Limpemos cada um o nosso rio e veremos como flui bonito, vasto e sereno!


*Esta história consta, por outras palavras, no livro "Perigo: Verdade" de Osho.

domingo, 15 de setembro de 2013

Posts do Facebook

Utilizo o Facebook, com alguma regularidade, para partilhar pensamentos, intuições e desabafos (nunca da minha vida pessoal). Ficam aqui alguns deles para, quem sabe, um dia mais tarde recordar:

O egoísmo é a fonte de todo o mal do mundo: guerras, atentados ambientais, competição extrema, injúrias, calúnias e todas as injustiças. Todos nascem da noção de que “eu” (por vezes “nós”) sou superior aos outros, o que é um erro. Quando nascemos não trazemos nada e nada levamos quando morremos, portanto onde está a diferença? O que tem um branco superior a um negro? Um cristão mais que um muçulmano? Um capitalista mais que um socialista? Somos todos diferentes, mas todos tão iguais… Que belo seria se o mundo compreendesse isto!

Há na nossa sociedade uma tendência mesquinha de bajulação... A verdade é que ninguém merece um tratamento especial: nem o sr. doutor, nem o sr engenheiro, nem o excelentíssimo meretissimo... o que é que são mais do que um pedinte?. "Estudaram" dizem alguns. Mas o que é que eles sabem? Uma gota no oceano infinito do conhecimento... Por muito que saibamos, a verdade é que nunca sabemos nada. Somos TODOS iguais!

Coisa bonita as Universidades de Verão... Na do PSD fala-se mal do PS e na do PS fala-se mal do PSD. Grandes exemplos que estão a dar aos pupilos! Desta forma, não tenho duvidas, Portugal tem o futuro assegurado.

Os governantes (todos: das juntas de freguesia ao governo) sofrem do mesmo mal que eu: miopia! Mas, enquanto a minha está nos olhos, a desses senhores está no pensamento... Como se justifica que a aposta tenha sido sempre nas infra-estruturas e nunca no capital humano, verdadeiro gerador de riqueza e de desenvolvimento social? A resposta é simples: eleições.
Enquanto não deixarmos de lado esta pequenez de pensamento nunca seremos uma nação próspera...

Já partilhei mas volto a fazê-lo... Existe uma máfia... um polvo cujos tentáculos se estendem da esquerda à direita, das grandes empresas aos reguladores. É esse polvo que desde há mais de cem anos vem governando o país em proveito próprio.Para que servem tantas autoestradas? Tantos projetos megalómanos? Tantas fundações e observatórios? Quem tem realmente beneficiado com tudo isso?... É chegada a altura de tirar a máscara a esses mercadores do bem-estar alheio e fundar um Portugal justo e próspero!

Senhores políticos de todos os quadrantes:Estou farto das vossas tretas de direita e de esquerda! Estou farto das vossas promessas! Farto de mentiras! Está na altura de deixar de parte as quezílias e os joguinhos de poder e de se assumirem como verdadeiros Homens e Mulheres! Está na altura de se unirem, pensarem no país e não nos vossos egos doentes...Portugal precisa, mais que nunca, de uma estratégia global e concertada que tire este país do buraco causado por décadas de má governação. Portugal precisa, neste momento, de todos nós!

A Noruega teve este ano um excedente orçamental de 13,8% do PIB, em contraste com a maioria dos outros paises que devido à crise têm, na generalidade, deficits bastante significativos. O excedente Norueguês deve-se principalmente às receitas do petróleo... A posse de recursos naturais como o petróleo e o gás natural subvertem completamente a lógica de funcionamento da concorrência ao nível internacional. Os países com tais recursos podem dar-se ao luxo de serem pouco competitivos e esbanjadores de dinheiro (o que não é o caso da Noruega) que, no final de contas, as suas finanças são sempre saudáveis. Na verdade, estes países sugam o suor e o trabalho de outros que não possuem estes recursos energéticos.Por este motivo torna-se necessário olhar para um mundo pós-carbono, em que predominam energias limpas e onde a riqueza de cada país possa ser determinada por aquilo que produz e não pela benção de ter recursos energéticos.

Normalmente, nas intervenções do FMI a paises com dificuldades de financiamento, a receita passa por austeridade e por um perdão parcial de dívida. Na Europa só se aplicou o primeiro elemento. O problema é que as economias, carregadas de austeridade, não conseguem libertar meios para amortizar a dívida e acabam por se endividar ainda mais... isto torna-se numa autêntica bola de neve. A divida pública portuguesa já vai em mais de 120% do PIB. Onde é que isto vai parar?

Não gosto da compartimentalização do conhecimento! Cada vez mais há gente especializada para isto e para aquilo... como consequência os técnicos perdem a visão da totalidade, do conjunto, tendem a focar-se na árvore em vez de se focarem na floresta. Como escreveu alguém certo dia: "os técnicos sabem cada vez mais sobre menos... virá o dia em que saberão tudo sobre nada!". Um viva ao ecletismo!

Às vezes perguntam-me se sou de direita ou de esquerda… e eu respondo: não sou de nenhum! Impuseram às pessoas uma falsa dicotomia, uma escolha entre o sistema capitalista e o socialista, ambos comprovadamente FALHADOS! As pessoas precisam da economia e a economia precisa das pessoas, não há volta a dar! O único sistema político merecedor de confiança não se encontra à esquerda ou à direita, encontra-se, fundamentalmente, no BOM SENSO dos decisores políticos, na capacidade destes em SERVIR ao invés vez de serem servidos e de defender, sempre e acima de tudo, o INTERESSE COLETIVO.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Qual é a natureza do Universo?

Desde há milénios que grandes pensadores se debruçam sobre este tema e no entanto ainda não se conseguiu chegar a um consenso. Existem basicamente três posições dominantes: monismo idealista (vulgo idealismo), monismo materialista (vulgo materialismo) e dualismo. Não as pretendo analisar exaustivamente nem dizer qual alguma delas é a verdadeira, até porque nunca cheguei a nenhuma conclusão.
O materialismo parte da premissa de que tudo o que existe no Universo é matéria. Para esta corrente o constituinte básico da realidade são os átomos (em toda a sua complexidade, abarcando as partículas sub-atómicas) e nada existe de espiritual ou “mágico”. O materialismo está entranhado no atual paradigma científico e tem servido de base à maior parte do sucesso que a ciência tem tido ao longo dos últimos tempos. Recentemente têm havido tentativas de explicar a consciência como uma ilusão resultante da interação dos neurónios, que por sua vez são entendidos como agregados de proteínas, que são agregados de moléculas, que por sua vez são agregados de átomos. A esta redução de uma realidade psicológica a uma realidade física designamos por Reducionismo, um conceito estreitamente ligado ao materialismo.
O idealismo advoga a existência de apenas um princípio no universo: a consciência. É através desta que percebemos o mundo e, portanto, também a matéria é apenas “um disfarce”. O Budismo e o Jainismo, por exemplo, são duas religiões idealistas ao afirmarem que esta está em toda a parte: nos animais, nas plantas, nas rochas e até no vazio. Levando esta ideia ao extremo existe uma corrente de pensamento idealista, o solipsismo, que defende que os eventos materiais não acontecem quando não existe uma consciência (humana) a observá-los.
O dualismo, corrente filosófica começada por René Descartes, defende que existem dois princípios no universo: espirito e matéria. A matéria sem espirito é inanimada e é um agente passivo. Já o espirito é a origem da vida e é o princípio ativo do universo. A vida é uma permanente ação do espirito sobre a matéria. Para Descartes, a razão é a principal característica do espirito.
No livro “Deus não morreu”, Amit Goswami defende uma versão quântica da realidade. Para a física quântica caso não houvesse a consciência existiriam apenas possibilidades, nada de concreto portanto. É a consciência que “escolhe”, entre as possibilidades, aquela que se torna manifesta e portanto é este o principal agente universal. Se, por exemplo, um relógio se encontrasse isolado de toda a gente os seus ponteiros não se moveriam… apenas quando uma consciência o vislumbrasse os ponteiros assumiriam a hora do momento. Isto implica uma ação de retro-causalidade, ou seja, no momento em que a consciência colapsa as possibilidades numa realidade concreta, são “inscritos” no passado todos os movimentos que os ponteiros tiveram até ao momento presente.
Ainda em relação à física quântica também há quem defenda que existe uma consciência cósmica que se encarrega de escolher, de entre todas as possibilidades, aquela que se manifesta.
Esta nova visão do mundo trazida pela física quântica desafia o atual paradigma cientifica materialista. O primado da consciência começa a substituir o primado da matéria. Aonde vamos chegar? Não sei… mas será certamente uma guerra saudável.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Vestígios materiais da governação

A educação é o fator que mais contribui para o progresso social e económico de uma sociedade. Por esta razão são ganhadoras as estratégias em que o capital humano é a pedra basilar do desenvolvimento.
Não creio que as Câmaras Municipais devam restringir as suas atividades à construção de infra-estruturas. A aposta na educação dos seus cidadãos, principalmente das suas crianças e jovens, é muito mais importante. Infelizmente parece que quase ninguém neste país quer ver isso…
Andamos todos iludidos com os “vestígios materiais da governação”: uma rotunda, um pavilhão, um bocado de asfalta à porta de casa. Estes sim, são os nossos verdadeiros critérios de decisão dos quando confrontados com um sufrágio. Não é que tenhamos grande escolha já que, por norma, todos os proponentes baseiam as suas campanhas em promessas de construção. Porém, de que serve alguém ter um Ferrari se apenas está habilitado a conduzir motorizadas? Para quê ter o computador mais avançado se o nosso sistema operativo é o MS-DOS?
Há uma grande razão pela qual não se aposta verdadeiramente na educação: é que esta é perigosa para os políticos! A ignorância do povo é conveniente porque desta forma este é mais facilmente impressionável pelas obras de fachada do que um povo educado.
Se olharmos para os países Escandinavos, referências em termos de desenvolvimento, vemos que as Câmaras Municipais têm como principal prioridade a educação. Porque é que as elites do nosso país não fazem um esforço para adaptar este modelo? É difícil mas não é impossível!

domingo, 14 de julho de 2013

Assunção Esteves e a notícia do Tugaleaks – A emoção travestida de razão

Surgiu hoje (14/07/2013) na página do Facebook da “Tugaleaks” um artigo (http://www.tugaleaks.com/assuncao-esteves.html) sobre a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que demonstra o quanto as emoções podem perturbar a racionalidade que se exige a quem escreve para um grande número de leitores.
O artigo é escrito num tom completamente acusatório e tenho a certeza que quem o escreveu não parou um pouco para pensar, deixando-se entregar totalmente numa torrente de emoções.
No post do Facebook começa-se por dizer que a dita senhora “não é uma santa”. Eu pergunto: Quem é “santo”? Quem nunca errou? Certamente não há nem nunca houve ninguém cuja vida se pautasse por uma total observância dos mais elevados princípios morais… é tão óbvio que qualquer pessoa, pensando um pouco, chega a esta conclusão.
No artigo refere-se o facto de a senhora ter uma reforma devida ao período de 10 anos de trabalho no tribunal constitucional. Também se refere que recebe um ordenado astronómico. Isto é completamente verdade! Não existe nenhuma razão que justifique o facto de se pagarem reformas ao fim de tão poucos anos de trabalho. Também é revoltante ver pessoas ganharem tanto dinheiro à custa de todos nós. Mas eu pergunto: Que culpa é que a senhora tem de a lei ser como é? É a única nestas circunstâncias? Se nos oferecessem as mesmas condições, algum de nós recusaria?
Também se afirma que ela teve atropelou uma senhora numa passadeira. Mas isto não pode acontecer a qualquer pessoa? Até ao mais bem-intencionado dos seres?
Não estou a defender a Assunção Esteves pois para mim é tão boa como qualquer um dos restantes políticos… Acho até que esteve muito mal no episódio em que tratou os manifestantes que estavam na AR com uma ira vergonhosa para alguém que ocupa tal cargo. Porém, não consigo concordar com as pessoas que escrevem artigos cujo objetivo parece ser apenas exteriorizar a sua raiva em relação a alguém.
A indignação é algo muito positivo e é saudável que as pessoas a demonstrem por via da palavra, das manifestações e outros atos. Já o ódio não leva a lado nenhum. Quem odeia prova não ser melhor do que o destinatário do seu ódio.
Por isso eu lanço um repto: indignemo-nos, revoltemo-nos contra o atual sistema, deitemo-lo abaixo, restauremos a nossa autonomia e dignidade enquanto nação e criemos um Portugal melhor. Porém, não o façamos com base em rancores pessoais senão não faremos mais do que derrubar um sistema para implementar outro com pessoas diferentes mas igual em tudo o resto.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A impostura das marcas

Recordo-me das aulas de marketing que tive ao longo do meu percurso académico… Uma das matérias que mais entusiasmavam os pupilos eram as marcas. Com efeito, elas dominam grande parte das nossas vidas: estão na internet, na rádio, na TV, nos jornais e agora até nos telemóveis e tablets. Têm a pretensão de ser ubíquas, uma presença constante na vida dos consumidores. Porém, nem sempre foi assim já que as marcas tiveram um nascimento bem mais modesto, vivendo durante muitos séculos sob a forma de pregões, semelhantes aos que podemos ouvir ainda hoje nas feiras e nas lotas.
Uma marca pode ser definida como um símbolo (visual ou auditivo) utilizado para identificar um empresa/produto e distingui-la(lo) das(os) demais. Contudo, a necessidade de distinção tornou-se numa psicose esquizofrénica em que a realidade se mescla com a ficção. A loucura tomou conta das marcas e contaminou a população!
“Loucura!?” – pode pensar o leitor. Será assim tão grave? Sim! Senão vejamos: muitas marcas prometem o que não podem nem nunca poderão cumprir. Vendem ilusões, enganam as pessoas e fazem-nas correr atrás de uma ideia de felicidade instantânea que nunca poderão atingir. Vejamos alguns exemplos:
Alguns refrigerantes prometem a felicidade a todos os que a consumirem. Mas, afinal, que raio é que uma bebida tem a ver com felicidade!? Há alguém que consiga vislumbrar uma ligação? No mínimo os consumidores frequentes de bebidas gaseificadas devem é rezar para não ganharem uma gastrite ou ulceras no estomago. Portanto, a ligação é absurda e enganadora.
Várias marcas de champôs vendem a ilusão da beleza. A ideia é a seguinte: lave o seu cabelo com o champô x, y ou z e será tão bonita quanto a modelo deste anúncio. Outro disparate: o champô da marca x não a deixa mais bonita do que o da marca y. A única função que esse produto tem é lavar o cabelo, tirar a sujidade. Não pode fazer mais do que isso, mesmo que unte o seu corpo todo de champô.
As marcas das instituições de crédito ao consumo vendem a ideias de liberdade e realização pessoal. Outra grande ilusão! Primeiro porque o crédito não o deixará mais livre, bem pelo contrário e segundo porque a realização pessoal nunca advém da posse de um qualquer bem material já que o prazer que tiramos do mesmo se esbate ao longo do tempo.
As marcas criam valor, mas é um valor falso! Quais são as diferenças entre uns ténis de uma qualquer marca de prestígio e os mesmos ténis sem marca? Nenhumas! E no entanto o preço não deixa de ser astronomicamente diferente.
Por muito amigáveis que nos possam parecer as marcas têm apenas um objetivo: escravizar o consumidor. Não podemos esperar que surja uma instituição ou alguém que nos diga como devemos fazer, em que marcas podemos confiar e quais aquelas em que não. Tem que ser cada um de nós a desafiar os seus preconceitos e ver o mundo tal qual ele é!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os genes definem a forma de um organismo?

A biologia molecular defende que a forma de um qualquer organismo está contida no seu DNA. Sendo assim, seria de esperar que neste momento em que tantos milhares de milhões de Euros foram gastos em investigação nesta área fosse possível encontrar alguns genes que determinassem a forma de uma qualquer estrutura corporal, como por ex. a forma do nariz (redondo, achatado, pontiagudo…). A verdade é que esses genes ainda não foram encontrados e talvez nem existam…
O biólogo Rupert Sheldrake no seu recente livro “The Science Delusion” dá o exemplo de uma alga unicelular chamada Acetabularia. Esta alga, que pode atingir os 10cm, é constituída por três partes principais: os rizinoides (uma espécie de raízes onde se encontra o núcleo da célula), o caule e o chapéu. O que esta alga tem de especial é o facto de caso lhe retiremos o núcleo e depois lhe cortemos o chapéu, ela consegue regenerar-se e formar um chapéu novo, mesmo na ausência de material genético.
Este facto é um autêntico quebra-cabeças para qualquer especialista em biologia molecular. Como é que se pode restaurar uma parte da alga sem o “livro de instruções”?
Rupert Sheldrake tem uma teoria para responder a este desafio, chama-se “teoria dos campos morfogenéticos”. Esta teoria advoga que todos os seres vivos são portadores de um campo virtual que determina a forma de qualquer ser vivo. Esse campo, que transcende a dimensão espacial, deriva dos campos de seres anteriores da mesma espécie e é reforçado com a reprodução das espécies, sendo um campo de uma espécie recente muito menos estável do ponto de vista morfológico do que um campo mais antigo. Isto não quer dizer que os genes não interfiram no processo morfológico, já que são responsáveis pela sintetização dos aminoácidos necessários para a formação de proteínas, quer dizer apenas que os genes são responsáveis pela criação dos blocos, mas não da forma como estes estão dispostos.
A teoria dos campos morfogenéticos também se aplica aos comportamentos e aos grupos. Rupert Sheldrake afirma no seu livro “A New Science of Life”, fundamentadamente, que por ex. o tempo que um conjunto de ratos demora a ultrapassar um determinado problema tende a diminuir com o passar do tempo, mesmo em experiências independentes realizadas em dois extremos distintos do planeta. Ou seja, caso um grupo de ratos seja confrontado com uma situação problemática na Austrália, demorará mais tempo a resolve-la do que outro conjunto de ratos que sejam confrontados com a mesma situação uma semana depois na Inglaterra.
A ciência, como tudo o resto, está em constante mudança, evolução. As verdades de ontem são os erros de hoje e quem sabe se as verdades de hoje não serão os erros de amanhã. Portanto eu encaro com satisfação os dissidentes, aqueles que pensam fora dos limites impostos pelas ortodoxias, que exploram florestas virgens e navegam por águas nunca d’antes navegadas.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Quem sou eu?

Não me defino. Por mais que busque, as palavras não são suficientes: são vagas, temporárias e carregam o selo da ilusão. Não posso dizer que sou forte e corajoso da mesma maneira que não afirmo ser fraco e medroso. Equiparo-me ao vento: umas vezes sopra para norte, outras sacode para sul… Lembro-me de ter sido aplaudido entusiasticamente da mesma forma que me lembro de ter sido humilhado publicamente. Afinal qual deles sou eu? O forte ou o fraco? O bom ou o mau? Já fui todos eles... e no entanto ninguém pode ser definido por uma antítese.
Como pode alguém ser, tal como diz o poeta, charco e luar refletido num charco ao mesmo tempo? O sublime e o horrendo simultaneamente?
Vejo por isso, que nenhum atributo me pode definir… Gosto de me ver como um espelho: reflete as mais variadas figuras, uma infinidade de formas, porém, a sua natureza não se confunde com os seus reflexos. A minha natureza é única, indizível, inefável e não tenho necessidade de a definir. Por isso não sei quem sou e, sinceramente, não estou interessado em saber!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Base de dados de artigos sobre parapsicologia

Dean Radin, provavelmente o mais famoso de todos os investigadores na área da parapsicologia, disponibilizou uma base de dados com alguns artigos científicos sobre a temática.
São muitos artigos e não será fácil lê-los todos... de qualquer forma fica aqui o link caso surja algum interessado: http://www.deanradin.com/evidence/evidence.htm

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Fator Terceiro Homem - o segredo de quem enfrenta situações extremas

Imaginem uma situação de solidão e monotonia: estar só no cume de uma montanha, velejar o oceano, atravessar o deserto… nestas situações pode parecer que não há ninguém à nossa volta. Mas será mesmo assim?
Há quem afirme que não devido ao chamado fator terceiro homem. Este fator designa um fenómeno que ocorre, normalmente, a marinheiros solitários e a alpinistas e que se carateriza por uma sensação de estar acompanhado por uma presença (que pode ser simplesmente “sentida”, como pode manifestar-se concretamente ao nível sensorial – ser vista e/ou ouvida) que ajuda os indivíduos em situações difíceis.
O livro “O Fator Terceiro Homem” de John Geiger apresenta muitos casos de encontros com o “terceiro homem”, entre os quais o de Ernest Shackleton que é retratado nos parágrafos seguintes:
Em 1914 Shackleton partiu, juntamente com a sua tripulação, de quase três dezenas de homens, para a Antártida para realizar o feito de atravessar o continente gelado a pé. Porém, antes de lá chegar o seu navio, o Endurance, acabou por ficar preso no gelo do mar de Weddell. Depois de dez meses preso o navio foi abandonado pois estava a afundar-se.
As três dezenas de homens estavam agora no gelo juntamente com os seus mantimentos e botes salva-vidas que retiraram do navio, a milhares de quilómetros da povoação humana mais próxima. Decidiram então atravessar a pé o gelo até chegarem a um ponto onde seria possível meter os seus pequenos botes ao mar e tentar escapar da situação. Caminharam durante 15 meses e já em 1916 meteram-se ao mar. Nessa altura já estavam muito debilitados, quer física, quer moralmente. Após três dias no mar avistam a Ilha Elefante, uma ilha erma, onde ficou quase toda a tripulação. Shackleton e mais cinco tripulantes continuaram de bote rumo à Georgia do Sul (que ficava a mais de 1000 Km da Ilha Elefante) para lá tentarem obter um resgate para a restante tripulação.
A viagem até à Georgia do Sul foi extenuante: enfrentaram furacões, chuvas torrenciais, ondas altíssimas. Ao fim de 17 dias de grande luta pelas suas vidas conseguiram finalmente chegar ao seu destino. Porém a sua provação ainda não estava completa… para chegarem à estação baleeira de Stomness onde poderiam pedir ajuda tinham ainda de atravessar toda a ilha a pé por entre “duas cordilheiras com mais de uma dúzia de picos que passam os dois mil metros, todos rodeados por campos de gelo e vastos glaciares”. Apenas Shackleton e mais dois homens foram, os restantes ficaram a tomar conta do bote. Conseguiram atravessar e chegar a Stomness, onde encontraram a ajuda que precisavam, sendo que também foi enviado um barco que resgatou os membros da tripulação que estavam na Ilha Elefante.
Mais tarde Shackleton disse o seguinte: “Quando recordo esses dias, não tenho dúvida de que a Divina Providência nos guiou, não só naqueles campos de neve, mas pelo mar revolto que separava a Ilha Elefante do nosso local de chegada, na Geórgia do Sul. Sei que durante aquela longa e tortuosa caminhada de trinta e seis horas, por montanhas sem nome e glaciares da Geórgia do Sul, me pareceu muitas vezes que éramos quatro e não três”.
De facto, também os outros dois homens que acompanharam Shackleton na sua caminhada na Geórgia do Sul relataram independentemente ter sentido uma presença de outro ser.
Este tipo de experiências é muito frequente em pessoas quando estão presentes os seguintes fatores: monotonia, solidão, stress extremo e vontade de ultrapassar os problemas. É muito interessante que a terceira pessoa para além de reconfortar psicologicamente as pessoas em situações extremas, dá-lhes conselhos sobre como ultrapassar os problemas que as apoquentam.
Há várias explicações para este fenómeno, umas de ordem neurológica, outras de ordem psicológica e ainda as explicações sobrenaturais/espirituais.
Independentemente da perspetiva que se toma acerca do fator terceiro homem, a grande lição a retirar é que nas situações de maior sofrimento existe a possibilidade de um terceiro homem caminhar ao nosso lado e nos ajudar a ultrapassar as dificuldades. Pelo que parece não estamos sozinhos!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A ditadura da imagem - O homem Deus

A imagem que temos de nós próprios está, na maior parte das vezes, relacionada com o que achamos que os outros pensam de nós. Como desejamos, por exemplo, que os outros nos achem atraentes começamos a embelezar-nos, como queremos que os outros nos achem inteligentes procuramos escolher meticulosamente as palavras que debitamos.
Assim, pouco a pouco, vamos criando amarras, ficando cada vez mais dependentes do que os outros acham, até nos tornarmos escravos deles.
Quando o que os outros acham de nós vai contra aquilo que idealizamos vêm os problemas: preocupação, insegurança, ansiedade... Não faz sentido quebrarmos este absurdo? Claro que sim! Para isso precisamos de pensar de um modo diferente, é uma questão de premissas!
Olhemos por exemplo para a beleza física: um objeto/pessoa não é, em si mesmo, bonito ou feio. É a mente de cada pessoa que interpreta o estimulo visual e cataloga alguém em função da sua beleza. Ora, as mentes humanas (que rondam os 7 mil milhões) são todas elas diferentes, pelo que não se pode esperar que todas elas cataloguem uma pessoa da mesma maneira. Temos que nos consciencializar que somos bonitos para uns e feios para outros. Só assim conseguimos ser livres da prisão da aparência física e dedicarmos mais tempo àquilo verdadeiramente nos pode fazer felizes.
Com a inteligência acontece o mesmo. Se alguém quiser provar a sua inteligência como um atributo absoluto, reconhecida por toda a gente, cedo se sentirá frustrado quando alguém lhe disser ou insinuar o contrário.
Para além da questão da multiplicidade de pontos de vista devemos considerar a temporalidade dos atributos da imagem: uns dias parecemos mais bonitos, outros menos; às vezes somos capazes de discutir um assunto brilhantemente e outras vezes temos que nos remeter ao silêncio da nossa ignorância. É importante reconhecermos a inconstância dos atributos da nossa imagem!
Em resumo: Vivemos obcecados com a perfeição. Na busca alucinante pelo "eu perfeito" tentamos ser Deus: a beleza absoluta, a inteligência suprema, a imperial impolutez moral. Não precisamos disso! Reconheçamo-nos como seres imperfeitos e incompletos e tudo será mais fácil!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Conversas de tasco

A religião é um tema controverso e apaixonante, através das religiões surgiram grandes atos de amor e altruísmo, mas também os conflitos mais terríveis e sanguinários.
No estabelecimento comercial da minha família gosto de questionar as pessoas sobre temas controversos incluindo a religião. É neste sentido que publico aqui uma série de conversas sobre a Biblia que tive com um cliente. São conversas que procuram retratar o modo como o dogma (Católico neste caso) se apodera das pessoas mais simples e pode levá-las a acreditar no inacreditável. São também uma prova arrebatadora da influência dilacerante que a religião tinha (e ainda tem) nos camponeses nascidos na primeira metade do sec. XX.
Não pretendo criticar os crentes porque penso que, apesar de tudo, as religiões oferecem um código moral cujo espírito é essencialmente benéfico. O que pretendo é mostrar o modo pelo qual o totalitarismo religioso se pode apoderar duma pessoa e transformá-la numa marioneta.
As conversas têm boas doses de ironia...






quarta-feira, 20 de março de 2013

Em busca da felicidade

Tudo aquilo que fazemos tem como finalidade última a nossa felicidade. Não há justificação para a felicidade, ou seja, ninguém pergunta: “mas afinal porque queres ser feliz?”. Queremos ser felizes porque está na nossa natureza, não há outra justificação. Até aquele que se suicida procura uma espécie de felicidade através da libertação do sofrimento... mesmo aquele que, tendo pouco, partilha o seu pão com o seu próximo fá-lo porque é feliz ao ver o outro mais reconfortado com um pouco da sua comida.
A maioria das pessoas procura a felicidade fora delas próprias: ter um bom carro, um bom emprego, uma boa casa, um bom parceiro… ao deixarem a felicidade depender daquilo que não controlam é frequente sentirem-se frustradas com as suas vidas. Muitas pessoas, por exemplo, ao comprarem um carro topo de gama sentem-se muito contentes durante os primeiros tempos, depois o carro passa a ser-lhes indiferente e passado algum tempo, ao verem carros melhores que o seu, o carro passa a ser uma fonte de insatisfação.

Mas o que será a felicidade?
Um sentimento passageiro de prazer? Uma emoção boa? Não! A verdadeira felicidade não depende das circunstâncias. Ela é um sentimento de profundo bem-estar independentemente das circunstâncias que nos rodeiam. Assim sendo, uma pessoa pode estar com muitos problemas e mesmo assim ser feliz. Pode-se pensar na felicidade como o fundo do mar… por mais que as tempestades e os vendavais fustiguem a superfície o fundo é sempre calmo, tranquilo.

O que podemos fazer para promover a nossa felicidade?
Segundo a psicologia positiva (um ramo da psicologia) devemos ser gratos por aquilo que temos: gratos pelo prato de comida que está em cima da mesa, gratos pelo sol, gratos pela chuva, gratos por termos amigos… Ainda segundo a psicologia e confluindo com as religiões orientais outro meio de promover a felicidade é a prática de meditação. Ajuda a relaxar a mente, conhecermos melhor os nossos propósitos, os nossos sentimentos e, praticando algumas técnicas, gerar um sentimento de compaixão para com todos os seres vivos. Um caminho complementar para a busca da felicidade é aquilo a que os budistas chamam a desconstrução do ego, ou seja, reconhecermo-nos, a nós e aos outros, não como uma entidade independente e imutável, mas como um fluxo constante de consciência. Deste modo, a maldade numa pessoa (por exemplo), não é vista como um atributo estanque, mas como apenas um momento no continum consciente. Assim relativizamos os nossos defeitos, bem como os das outras pessoas e não nos sentimos tão descontentes com determinadas situações.
Cada um terá que procurar a felicidade à sua maneira, de qualquer modo, ajuda sempre voltarmo-nos para dentro para percebermos aquilo que realmente nos interessa.

Em relação ao tema da felicidade recomendo o livro de Matthieu Ricard “Happiness: a guide to developing life’s most important skill” e os seguintes vídeos do mesmo autor: