sexta-feira, 5 de julho de 2013

A impostura das marcas

Recordo-me das aulas de marketing que tive ao longo do meu percurso académico… Uma das matérias que mais entusiasmavam os pupilos eram as marcas. Com efeito, elas dominam grande parte das nossas vidas: estão na internet, na rádio, na TV, nos jornais e agora até nos telemóveis e tablets. Têm a pretensão de ser ubíquas, uma presença constante na vida dos consumidores. Porém, nem sempre foi assim já que as marcas tiveram um nascimento bem mais modesto, vivendo durante muitos séculos sob a forma de pregões, semelhantes aos que podemos ouvir ainda hoje nas feiras e nas lotas.
Uma marca pode ser definida como um símbolo (visual ou auditivo) utilizado para identificar um empresa/produto e distingui-la(lo) das(os) demais. Contudo, a necessidade de distinção tornou-se numa psicose esquizofrénica em que a realidade se mescla com a ficção. A loucura tomou conta das marcas e contaminou a população!
“Loucura!?” – pode pensar o leitor. Será assim tão grave? Sim! Senão vejamos: muitas marcas prometem o que não podem nem nunca poderão cumprir. Vendem ilusões, enganam as pessoas e fazem-nas correr atrás de uma ideia de felicidade instantânea que nunca poderão atingir. Vejamos alguns exemplos:
Alguns refrigerantes prometem a felicidade a todos os que a consumirem. Mas, afinal, que raio é que uma bebida tem a ver com felicidade!? Há alguém que consiga vislumbrar uma ligação? No mínimo os consumidores frequentes de bebidas gaseificadas devem é rezar para não ganharem uma gastrite ou ulceras no estomago. Portanto, a ligação é absurda e enganadora.
Várias marcas de champôs vendem a ilusão da beleza. A ideia é a seguinte: lave o seu cabelo com o champô x, y ou z e será tão bonita quanto a modelo deste anúncio. Outro disparate: o champô da marca x não a deixa mais bonita do que o da marca y. A única função que esse produto tem é lavar o cabelo, tirar a sujidade. Não pode fazer mais do que isso, mesmo que unte o seu corpo todo de champô.
As marcas das instituições de crédito ao consumo vendem a ideias de liberdade e realização pessoal. Outra grande ilusão! Primeiro porque o crédito não o deixará mais livre, bem pelo contrário e segundo porque a realização pessoal nunca advém da posse de um qualquer bem material já que o prazer que tiramos do mesmo se esbate ao longo do tempo.
As marcas criam valor, mas é um valor falso! Quais são as diferenças entre uns ténis de uma qualquer marca de prestígio e os mesmos ténis sem marca? Nenhumas! E no entanto o preço não deixa de ser astronomicamente diferente.
Por muito amigáveis que nos possam parecer as marcas têm apenas um objetivo: escravizar o consumidor. Não podemos esperar que surja uma instituição ou alguém que nos diga como devemos fazer, em que marcas podemos confiar e quais aquelas em que não. Tem que ser cada um de nós a desafiar os seus preconceitos e ver o mundo tal qual ele é!

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