segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os genes definem a forma de um organismo?

A biologia molecular defende que a forma de um qualquer organismo está contida no seu DNA. Sendo assim, seria de esperar que neste momento em que tantos milhares de milhões de Euros foram gastos em investigação nesta área fosse possível encontrar alguns genes que determinassem a forma de uma qualquer estrutura corporal, como por ex. a forma do nariz (redondo, achatado, pontiagudo…). A verdade é que esses genes ainda não foram encontrados e talvez nem existam…
O biólogo Rupert Sheldrake no seu recente livro “The Science Delusion” dá o exemplo de uma alga unicelular chamada Acetabularia. Esta alga, que pode atingir os 10cm, é constituída por três partes principais: os rizinoides (uma espécie de raízes onde se encontra o núcleo da célula), o caule e o chapéu. O que esta alga tem de especial é o facto de caso lhe retiremos o núcleo e depois lhe cortemos o chapéu, ela consegue regenerar-se e formar um chapéu novo, mesmo na ausência de material genético.
Este facto é um autêntico quebra-cabeças para qualquer especialista em biologia molecular. Como é que se pode restaurar uma parte da alga sem o “livro de instruções”?
Rupert Sheldrake tem uma teoria para responder a este desafio, chama-se “teoria dos campos morfogenéticos”. Esta teoria advoga que todos os seres vivos são portadores de um campo virtual que determina a forma de qualquer ser vivo. Esse campo, que transcende a dimensão espacial, deriva dos campos de seres anteriores da mesma espécie e é reforçado com a reprodução das espécies, sendo um campo de uma espécie recente muito menos estável do ponto de vista morfológico do que um campo mais antigo. Isto não quer dizer que os genes não interfiram no processo morfológico, já que são responsáveis pela sintetização dos aminoácidos necessários para a formação de proteínas, quer dizer apenas que os genes são responsáveis pela criação dos blocos, mas não da forma como estes estão dispostos.
A teoria dos campos morfogenéticos também se aplica aos comportamentos e aos grupos. Rupert Sheldrake afirma no seu livro “A New Science of Life”, fundamentadamente, que por ex. o tempo que um conjunto de ratos demora a ultrapassar um determinado problema tende a diminuir com o passar do tempo, mesmo em experiências independentes realizadas em dois extremos distintos do planeta. Ou seja, caso um grupo de ratos seja confrontado com uma situação problemática na Austrália, demorará mais tempo a resolve-la do que outro conjunto de ratos que sejam confrontados com a mesma situação uma semana depois na Inglaterra.
A ciência, como tudo o resto, está em constante mudança, evolução. As verdades de ontem são os erros de hoje e quem sabe se as verdades de hoje não serão os erros de amanhã. Portanto eu encaro com satisfação os dissidentes, aqueles que pensam fora dos limites impostos pelas ortodoxias, que exploram florestas virgens e navegam por águas nunca d’antes navegadas.

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